PALAVRA DO DR. BISP.MANOEL FEREIRA PRESIDENTE CONEMAD

O Preço da Sensualidade

 

Bispo
Manoel Ferreira

 

   

A sensualidade é a utilização dos sentidos físicos. É importantíssimo verificar que essa utilização pode ser positiva ou negativa, como veremos adiante.

Para que utilizemos a sensualidade de modo positivo, pagaremos um alto preço de conscientização, disciplina e renúncia, o que geralmente a grande maioria dos seres humanos não se dispõe a ascender nessa elevada plataforma de sucesso. Essa sensualidade positiva glorifica a Deus, conforme I Coríntios 10.31: “Quer comais, quer bebais ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus.”.

Infelizmente, quando relaxamos a prática da sensualidade positiva que glorifica a Deus, pagamos um humilhante preço, descambamos montanha abaixo em direção aos escabrosos vales e às desgraças desta vida pela prática da sensualidade negativa, que empurra o ser humano para a desonra, o demérito, o desrespeito e o ambiente de ardoroso juízo divino e humano.

Os dicionários indicam o significado da palavra Sensualidade como sendo propriedade do que é sensual, inclinação pelos prazeres dos sentidos; amor das coisas ou qualidades sensíveis. E, além disso, luxúria, lubricidade, lascívia e libertinagem que é viver na sensualidade.

Analisando cada uma das definições, devemos sempre ter em mente que, quando tomamos o significado da palavra somente por uma vertente, ele se perdurará com tal valor que se tornará incomensuravelmente impagável o preço do desvio dado a elas. E algumas palavras que não são compreendidas através do coração, como se ele fosse uma porta dimensional transcendente, soariam como metal roçando pedra afiada e com certeza estariam fadadas a esse diminuto conceitual, mesmo àqueles dotados de bens espirituais.

As palavras têm o poder de dizer o que são, mas os efeitos da produção de uma linguagem sensual e sedutora são sempre parciais à cegueira verbal que mantemos com os vícios do preconceito pelo qual nos deixamos enredar e sermos conduzidos. No entanto, prudência, juízo, bom senso, razão, retidão e discernimento são acessíveis a todos, o que nos permite um caminho de desprendimento desse acessório pernicioso, que adquirimos ao longo da vida, para podermo-nos concentrar no que é essencial e puro.

Verificando positivamente, à “inclinação dos prazeres dos sentidos” (o primeiro dos significados indicados) há de dar o efeito moral de que todo o corpo humano é obra de Deus para ser usado a serviço da vida que Ele nos permitiu ter. E como é bom saber que podemos sentir e sentir com todo o vigor do nosso corpo, e é sempre proveitoso não esquecer que há aqueles que não dispõem de todos os sentidos físicos.

Os significados adjacentes que estão ligados à sensualidade não devem ser desprezados, porém eles partem de uma extensão que surgiu por intermédio da corrupção linguística concedida aos outros verbetes supracitados. A “luxúria” é a concupiscência com requinte, com luxo. Por esse conceito pode-se dizer que é um significado que trata a mesma palavra com corrupção ou perversão.

Tudo que vem da obra de Deus estimula as outras criações divinas, por isso o significado, ainda por extensão, de sensualidade ser também “lubricidade”, já que é o que estimula o corpo acordar, alimentar-se, vestir-se, trabalhar, etc. No entanto há o poder de sermos perversos em desencadear, daí, uma “malfeitoria anticristã”.

Analisando a vertente negativa do significado da palavra sensualidade, a “lascívia”, que é outro significado do vocábulo, é uma conhecida ênfase do sensualismo. Não nos esqueçamos, pois, de que, como resultado de gerações de ações e influências distribuídas pela terra fértil e ao mesmo tempo lúgubre, apesar de divinamente perfeita; ter a consciência de que a sensualidade também nos leva ao estímulo à libido e ao desejo sexual, é antes de tudo, compreender a importância do recato, do pudor e do recolhimento para uma vida com Deus.

E o que é “libertinagem”, outra extensão da palavra sensualidade, senão essa falta de responsabilidade em trabalhar o sensorial da mente e do corpo em nosso viver? O cárcere em que o ser humano se encerra é justamente quando lhe falta responsabilidade em trabalhar o que Deus nos deu com todo seu amor. Usar da sensualidade sem responsabilidade leva à libertinagem, à degenerescência, e podemos, com ela, sermos encarcerados e viver cumprindo sentenças no consciente e no inconsciente.

A humanidade inteira sofre terrivelmente os desvios e as desgraças da sensualidade. Ser sensual é enfatizar demasiadamente o corpo e, dessa forma, desencaminhar-se para o mal… Taras e vícios sexuais, luxúria e vanglória, vários tipos de corrupções mundanas são tipos de sensualidade. Mas, como tudo isso aparece?!

Quando os sentidos físicos (visão, audição, tato, paladar, olfato e membros do corpo físico) entram em contato com o mundo exterior, as impressões colhidas pelos sentidos físicos caminham para o interior do ser humano, através da sensação, percepção, imagens e ideias, estabelecendo na mente humana os sentimentos, os pensamentos e os projetos que, imediatamente, partem para o exterior do homem através de suas palavras, gestos e ações. Sobre essa origem dos desejos exagerados do corpo, observemos o que disse Jesus em Marcos 7.21–23: “Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Ora, todos estes males vêm de dentro e contaminam o homem”. Tiago 1.14 e 15 e 1João 2.16 nos revelam que as concupiscências, que são os desejos exagerados, procedem dos olhos, dos membros do corpo e da soberba da vida, gerando o pecado e, consequentemente, a morte espiritual e eterna.

Todos nós conhecemos os malefícios das pornografias, que infestam a humanidade, oriundas de internet, de filmes, de nudez pelas ruas, de propagandas de jornais e revistas, de roupas indecentes, de propagandas de televisão, de novelas e de tantos outros métodos, todos eles usados pelo diabo para provocar o sensualismo e arrastar a humanidade para a desgraça…

Amós 4.13 focaliza a corrupção e corrosão dos valores morais. A nação israelita estava vivendo obstinadamente no pecado. Tornara-se pior do que as nações pagãs. Havia caído num poço mais profundo do que aqueles não-israelitas, que sempre viveram mergulhados nas trevas espirituais e morais do pecado. Amós menciona alguns desses terríveis pecados.

Tributavam culto ao corpo os israelitas – Amós 4.1. Basã, grande extensão de terra, que se concentrava no lado oriental do alto do rio Jordão, e, apesar de não se conhecer os seus limites exatos, provavelmente ficava entre o monte Hermon e as montanhas de Gileade. Por serem bem nutridas, robustas e fortes, as vacas de Basã eram amplamente conhecidas, porque as pastagens daquela região se desenvolviam com abundância e vigor – Deuteronômio 32.14; Salmos 22.12; Ezequiel 39.18. Lá os animais do pasto eram famosos pela robustez, beleza e boa carne. Quando alcunhava de “vacas de Basã” as mulheres que viviam em Samaria, Amós fazia referência à exploração da aparência, ao culto ao corpo, à sensualidade e ao prazer. A locução rigorosamente definida como “vacas de Basã” é bastante enérgica, mas sinalizava para o poder das mulheres bem aparentadas, de incidir sobre a corrupção no meio social contra o povo de Israel. Amós refere-se às “vacas de Basã” para fazer comparação a essas mulheres, aludindo ao que elas engordam para o abate. Era uma geração hedonista, que aproveitava a vida somente para atender aos desejos carnais e à busca pelo prazer a qualquer custo. As mulheres de Samaria eram como o escol do gado, felizes pela puerilidade de uma vida estritamente animal, sem querer, ao menos, saber do que acontecia com a sociedade samaritana. Não era na alma e sim na carne perecível do corpo que aquelas mulheres encontraram a fórmula da alegria de viver. Também hoje vivemos numa geração que idolatra o corpo, e muitos trabalham o físico almejando chegar à “perfeição”.

Em Amós 4.1, verificamos a busca desenfreada pelo deleite físico. As mulheres de Samaria viviam no luxo, num constante lazer despropositado, entregues à bebedeira, expondo-se aos excessos, em festejos caros e requintados. A ostentação, o materialismo e o hedonismo sem o temor a Deus promovem nas pessoas malversação e poder soberano usurpado e ilegal, e, consequentemente, levando também ao prazer insaciável e à inquietude.

Em Amós 4.1, temos a aliança insaciável, aliada à opressão do pobre. Por causa da inquietude, as mulheres de Israel exigiam de seus maridos condições para aquela vida desregrada, levando-os a tomarem do povo humilde que pouco tinha para comer, a fim de alimentarem as exorbitâncias delas, e satisfazerem seus desejos e ganâncias. Aquelas mulheres demarcadoras e limitadoras dos direitos do povo, para fim de seus deleites, surgiam da falta da vida em Deus, por isso desfilavam de alma pobre, miserável e, por conseguinte, imoral, no entanto elas prosperavam nas misérias espirituais dispostas nos “indefesos”. Portanto se reconhece daí dois graves crimes. O primeiro na forma demérita de viver; a segunda na exploração dos pobres, principalmente, com a finalidade de manter-se na primeira. Assim os indivíduos ricos usavam da sordidez para acumularem fortunas. Porém todo o luxo ostentado era resultado da fome que impuseram aos pobres. O apóstolo Paulo exorta os ricos a praticarem o bem e serem ricos de boas obras – ITimóteo 6.17-19.

Em Amós 4.1, ainda observamos a inversão dos papéis no casamento. No tempo de Amós, os homens eram mandados pelas mulheres, mas eles isso permitiam por motivos lascivos. Por isso se corrompiam induzidos por elas a oprimir aos que já eram desprovidos. Os maridos deveriam abastecer as festas com luxo e vinho além de proporcionar a satisfação carnal às mulheres de Samaria. Assim, as chamadas “vacas de Basã” norteavam o futuro daquela comunidade. Amós disse que não estaria longe do juízo de Deus a Terra cuja feminilidade é degradada. Tal era Samaria nos dias de Amós.

A Bíblia é rica em explicitar as nocividades e desgraças da sensualidade exagerada, expressa pelas concupiscências, ou desejos exagerados da vida.

“Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências; e nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça.” – Romanos 6.12 e 13. “Que cada um de vós saiba possuir o seu corpo em santificação e honra” – 1Tessalonicenses 4.4. “Porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação” – 1Tessalonicenses 4.7. “Disse Jesus: “Eis que venho sem demora. Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não ande nu, e não se veja a sua vergonha” – Apocalipse 16.15.

Em Amós 4.2 e 3 “E saireis pelas brechas, uma após outra, e vos lançareis para Hermom, disse o SENHOR” o profeta indica o juízo de Deus sobre o pecado. Em Amós 4.2, “Jurou o Senhor JEOVÁ, pela sua santidade, que dias estão para vir sobre vós, em que vos levarão com anzóis e a vossos descendentes com anzóis de pesca.” o profeta sinaliza para o juramento de Deus. O Senhor Deus jura que os opressores serão oprimidos, por isso lembremos sempre que o pecado jamais fica sem castigo. A santidade de Deus é o que faz Deus ser o que Ele é. A santidade divina expressa a própria divindade de Deus. O homem sente medo, ao se colocar frente ao Pai, pois sabe que por conhecer o pecado e de se ter consciência de ser pecador, irá um dia estar diante da pureza de Deus – Isaías 6.5. O juramento é a afirmação solene que se faz invocando como garantia de sua de sua boa-fé um valor moral reconhecido. É o equivalente a dizer: “o juramento que faço é tão certo, como a existência daquilo pelo qual o faço”. E o invocar de Deus em juramento deve ser de muita urgência e de muito valor moral. Na sociedade de Samaria, nos tempos de Amós, houve uma afronta a Deus muito grande que foi a permanência na vida materialista de autossatisfação humana. Tanto a abastada casa samaritana (Amós 4.1-3), quanto os frequentados templos de Betel e Gilgal (Amós 4.4 e 5), estavam organizados com a mesma finalidade. A vida egocêntrica daquele grupo abastado que perseguia os menos favorecidos entregando-os à fome e à carência física. “Contudo não vos convertestes a mim, disse o Senhor.” – Amós 4.9b – Por isso mesmo eles passariam por momentos críticos e de saque, conforme aconteceu em Samaria assim como todas as dez tribos do norte da nação israelita, que foram saqueadas a mando de Sargão I, rei da Assíria em 722 a.C.

Deus cobrou um preço pelo apreço a Sensualidade que aquelas mulheres de Samaria se dedicara. Amós clama por justiça e diz que a opção de Deus é pelos pobres. Em Amós 4.2 e 3, põe em destaque o cativeiro humilhante por que passariam aquelas mulheres que viviam no luxo reluzente e na luxúria pecaminosa sendo arrastadas como peixes presas em anzóis. “Jurou o Senhor JEOVÁ, pela sua santidade, que dias estão para vir sobre vós, em que vos levarão com anzóis e a vossos descendentes com anzóis de pesca”, elas seriam tratadas como o gado que vai ao abate. Os assírios tinham o costume de prender ganchos tipo argolas no nariz ou no lábio inferior dos prisioneiros, amarrá-los a cordas e puxá-los como animais, quer para o cativeiro, quer para a morte, e era o que eles fariam com as mulheres, “vacas de Basã” de Samaria.

Imaginem vocês que será diferente com a humanidade pós-moderna?! A humanidade está brincando com Deus. Enquanto, o juízo divino está bem pertinho, quase às portas… Medite em Amós 4.12.